quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PROPOSTA À ACADEMIA FEIRENSE DE LETRAS E À ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE FEIRA DE SANTA ANA

PROF. RODRIGUES SILVA

     


Redação: 22 de Julho de 2.010



Incluir no estatuto a obrigatoriedade de seus membros adotarem uma signatura parcial, tecnicamente correta.

JUSTIFICATIVA:

     Todos sabemos quê nem sempre uma pessoa utiliza sua signatura, isto é: seu nome civil, impropriamente denominado “nome completo”, atualmente reduzido, com total impropriedade a “NOME”, como aparece freqüentemente em formulários.

     Se para qualquer pessoa o emprego abreviado da SIGNATURA (signatura parcial) é necessário e conveniente, mũito mais o é para os homens públicos, como: políticos, artistas, intelectuais em geral, entre os quais se destacam os escritores e acadêmicos de Letras e de outras especialidades. Observa-se facilmente isto até nas reportagens de jornais e revistas: Primeiramente, a pessoa entrevistada ou de quem trata a matéria é denominada pela SIGNATURA, quer dizer: pelo NOME CIVIL, composto, geralmente, de no mínimo, três antropônimos, podendo aparecer ou não o conectivo: de, da(s) e do(s). No entanto, nas vezes seguintes da referência, trata a pessoa com a signatura parcial. Infelizmente, como a ignorância em Antroponímia neste país é generalizada, nem todo jornalista sabe desta regra. Assim, numa reportagem sobre o CLUBE DE CAMPO CAJUEIRO, em 2.007 (salvo engano), um jornal local escreveu a signatura do presidente daquela instituição sob quatro formas. O pior: Às vezes, no texto está escrito de uma maneira (forma ou grafia) e na legenda está de outra forma, ou no próprio texto a signatura aparece com grafia ou formas diferentes. Isto é um erro gravíssimo para um jornal ou uma revista.

     Também chamo a atenção para o fato de quê somente especialistas em ANTROPONÍMIA NORMATIVA, como é meu caso, te͂em direito de retificar antropônimos e signaturas. Fora disto, a obrigação do jornalista é seguir aquilo quê consta nos documentos pessoais, ou aquilo quê o portador da signatura emprega. Obviamente, existem casos tão absurdos, tão evidentes quê o editor tem direito a retificar.

     Aproveito o ensejo para explicar quê somente em documentos pessoais nós temos, infelizmente, ainda, a obrigação de seguir a grafia e a forma constantes no Registro Civil de Nascimento. O direito de corrigir a GRAFIA é mu͂ito maior e mais fácil de ser efetivado quê o direito de corrigir a FORMA.

     Para não existir qualquer dúvida entre os confrades, faço adaptação, a seguir, do conteúdo de meu livro SISTEMATIZAÇÃO DA ANTROPONÍMIA, pg. 47, item 9, do capítulo “SOBRENOME E NOME DE FAMÍLIA” (intitulado “Assinatura Parcial”. Posteriormente, retifiquei a palavra ASSINATURA, com esta acepção, para SIGNATURA, do Português arcaico; criei um “neologismo semântico”):



S I G N A T U R A  P A R C I A L

1. Denomino “ signatura parcial”, impropriamente chamada “ nome de guerra”, aquela utilizada em 1º lugar por escritores, artistas, políticos e qualquer pessoa pública ou de destaque na sociedade, e em 2º lugar, por membros de corporações militares (daí a expressão “nome de guerra”, embora este caso utilize apenas um antropônimo, geralmente posnome). Algumas empresas comerciais também utilizam a signatura parcial, com um único antropônimo, igualmente, na maioria dos casos, um posnome. Exemplos: 1º Caso: Sargento Faria (errado: Farias), Tenente Teixeira, Soldado Oliveira. Com nomes: Cabo Artur, General Orlando, etc.. 2º Caso: Maciel, Antunes, Otacílio.

     No caso das instituições militares e comerciais, o critério principal é evitar tocaios (= eqüinominados). Assim, em 1º lugar, eles verificam se na lista de seus membros existe alguém ou algumas pessoas com o mesmo Nome do novo membro. Em 2º lugar, se existem pessoas com seus posnomes. Como o objetivo fundamental é evitar nomes vocatórios iguais, adotam apenas um antropônimo, para facilidade de comunicação. Dentro desta realidade, é que apenas vez por outra o nome vocatório, o qual, no caso, passe a nome profissional, fica constituído pelo Nome do membro novato.

     ORIENTAÇÕES PARA A ESCOLHA DA SIGNATURA PARCIAL:

1)      Deve-se evitar, na época atual, adotar seudônimo em lugar da signatura parcial.

2)      A signatura parcial deve ser composta por apenas dois antropônimos. Raramente se justifica utilizar 03 antropônimos. O conectivo deve depender de sua posição na signatura. Exemplo: Uma escritora quê tem como signatura “Itamara-Maria da Encarnação Gomes” pode adotar: a) Itamara Gomes. b) Itamara da Encarnação. c) Maria da Encarnação. d) Maria Gomes. Não pode: “da” nem “ de” Gomes, porquê : * na signatura, “da” antecede a Encarnação. * Posnome patronímico (no caso: GOMES) não pode ser antecedido de preposição.

3)      É sempre recomendável quê o Nome ou um dos Nomes apareça, principalmente no caso das mulheres e transexuais e travestis que utilizam Nomes femininos.

4)      Os critérios para escolha da signatura parcial podem ser: semântico, fonético, fono-     -semântico, por afinidade a determinado parente (pai, mãe, avô ou avó), critério social, filosófico ou religioso.

Ex: Sóstenes Brilhante Rodrigues Silva (meu filho). Se ele quer destacar a qualidade “brilhante”, adota: Sóstenes Brilhante. Se deseja destacar Silva, por motivo ecológico (floresta), adota: Sóstenes Silva. Se, por outro lado, faz questão de relembrar seu pai, adotará Sóstenes Rodrigues.

Observação: Ele poderá não aceitar SÓSTENES SILVA por motivo fonético: combinação não mũito cômoda: /-nis sil-/.

5)      É importante evitar combinações quê deem a impressão de outra função do antropônimo (Nome, posnome e apelido). Mesmo com a Antroponímia sistematizada, sempre existirão pessoas quê não a estudarão, e assim, façam confusão com a função de cada antropônimo. O mesmo se diga em relação ao gênero, embora este caso seja menos freqüente. Exemplos: a) Conceição Oliveira. b) Joyce Cardoso (1. Função. 2. Estrangeirismo). c) Gil Vicente (função). d) Georges Sand (romancista francesa, com signatura masculina). Ildes Ferreira.

6)      Não se deve utilizar, em hipótese alguma, abreviatura ininteligível, nem na signatura parcial nem em qualquer outro contexto. A única exceção é quando o leitor já sabe interpretá-la. Um exemplo muito conhecido na área intelectual é “J. G. de Araújo Jorge”.

7)      Também não se deve efetuar alterações nos antropônimos, senão no caso de correções de forma e de grafia. Um exemplo de erro é “Sousândrade”. Outro exemplo: Roberval Pereyr. (“Pereira” é um ótimo posnome, tanto foneticamente quanto semânticamente. “Pereyr” é uma grande asneira!)

8)      O Nome duplo não pode ser escolhido como signatura parcial. No caso de cantor, admite-se, embora não seja recomendável; o mesmo caso é o dos desportistas. O Nome tem a função de identificar o indivíduo apenas no meio familiar, das vizinhanças e das amizades – um meio restrito, então.

9)      Não se inclua na signatura parcial antropônimos impróprios nem com erros de função e de gênero. Exemplos: JOTA ESSE, ASA FILHO, EDSON KAÍKE.



Exemplos De Signaturas Parciais Errôneas:

  1. Alexandre Herculano (Nome duplo ou Nome com erro de função)
  2. J. G. de Araújo Jorge (Abreviatura ininteligível e 04 vocábulos)
  3. Antônio Cândido (Nome duplo ou erro de função; vê nº 05)
  4. Fernando Namora (Impropriedade semântica)
  5. Magalhães Júnior (Elemento antroponímico. O elemento antroponímico deve desaparecer totalmente na sistematização da Antroponímia)
  6. Élsia Lessa (No Nome: erro de forma. No posnome: erro de grafia)
  7. Olavo Bilac (Erro de forma)
  8. Genolino Amado (Erro de forma e de função)
  9. Jorge Amado (Erro de função. Na Sist. da Antr., “Jorge” deve passar a posnome)
  10. Massaud Moysés (1. estrangeirismo. 2. erro de grafia e de função; Nome duplo?)
  11. Antônio Carlos Magalhães (03 vocábulos)
  12. Barbosa Lima Sobrinho (03 vocábulos; elemento antroponímico)
  13. Cristiana Fausto (Erro de função)
  14. Aloysio Falcão (Em seus documentos, está correto: Aloísio)
  15. Eneida Pitiá (Impropriedade semântica)
  16. Adonias Filho (Elemento antroponímico. Vê nº 05)
  17. Lélia Vítor (Erro de função) (**)
  18. Franklin Maxado (1.extrangeirismo. 2. erro de grafia. 3. erro de função no estrangeirismo)
  19. Graça Aranha (1. função. 2. impropriedade do posnome)
  20. Raul Pompéia (Erro de forma, o qual dá aparência de erro de gênero)

(**) A prática de mudar de nome de família pelo simples fato de casar-se é um erro gravíssimo contra a sistematização da Antroponímia.

                   

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