terça-feira, 19 de julho de 2011

Matéria 1
DOIS LEMBRETES:
      Hoje, 19 de julho, é  o dia de São Vicente de Paulo. Infelizmente a Igreja Católica continua, com freqüência dizendo "São Vicente de Paula". Faz muito tempo que  um pároco desta cidade comete este erro num programa na Rádio Povo. Já mandei um artigo para ele, no qual eu explico minuciosamente o assunto, mas ele continua com o mesmo erro.
      Vou explicar a todos a questão:
 Em "São Vicente de Paulo", provavelmente Paulo é um topônimo. Apesar de quê até hoje nunca encontrei a explicação para este caso, inclusivamente no  "Martirologium Romanum", edição de 1956, (em latim), a única explicação possível quê eu vejo é aquela quê eu citei. Alguns santos adotaram o Nome de outro santo na respectiva signatura, mas  neste caso, aparece a palavra "santo" (ou "são") ou "santa".
     Este erro ocorre porquê existe "São Francisco de Paula". PAULA , neste caso, é bem explicado pela Etimologia:  É o nome da cidade do Santo, uma pequena cidade italiana. Vem do Latim Pábula, subst. neutro plural quê significa "pastagens". Pena é quê os gramáticos e filólogos não se lembraram de evitar um fato muito inconveniente: a homonímia com o Nome PAULA, fem. de PAULO. Diante da completa ignorância reinante em nossa sociedade a respeito dos antropônimos, esta homonímia favoreceu  imensamente a desordem na função dos antropônimos e na classificação dos nomes próprios. Um topônimo nunca deve coincidir com Nome, senão quando se tratar de um antrotopônimo como é o caso de SOUSA, cidade de Piauí. "Antrotopônimo" é o vocábulo quê Xavier Fernandes empregou para o topônimo-antroponímico: quando uma aglomeração  humana adota como nome o Nome ou Signatura de alguém. Exemplos: Castro Alves, Presidente Epitácio, Luís Eduardo Magalhães.
      Conclusão: Deve-se corrigir o topônimo-posnome PAULA para PÁVULA.

Matéria 2
A R T E   P O É T I C A
                                                                S O L I T U D E  (15 de maio de 2009)
      "Solitude" é a condição de estar só,
       quer seja fisicamente ou síquicamente.
       Solitude física pode ser inocente,
       quanto nociva, evidentemente

       Às vezes, queremos ficar sós
       para ouvirmos nossa própria voz,
       para nos concentrarmos em uma atividade,
       para raciocinarmos com profundidade.

       No entanto, existem horas nas quais
       estar só constitui-se num problema.
       Precisamos de prosear com nossos iguais,
       de com eles desabafar nossos ais.

       Ainda consideremos os imprevistos físicos, 
       como uma doença ou um incidente,
       momentos nos quais necessitamos de alguém
       uma pessoa nos socorra, esclareça nossa mente.

       A solitude síquica é indesejável
       em qualquer situação da vida;
       seja na infância, seja na adultícia,
       ela é sempre uma situação dolorida.

      Podemos estar com alguém, mas estarmos sós;
      podemos estar sós, mas nos sentirmos acompanhados.
      O fato de sabermos existir alguém a nosso lado
      nos torna seguros e reconfortados.

      Observação: Solitude é a forma reconstituída de "solidão" -- do Latim "solitudo, -ìnis, s.f.". Não se confunda "Solitude" com "Soledade" (lugar ermo, afastado).

Matéria 3
"MEMORIAL POÉTICO DE FEIRA DE SANTANA"
      Em 2001, a professora Lélia Vítor Fernandes de Oliveira (1) organizou uma antologia poética com este nome. A publicação tem 128 páginas e teve o apoio da Prefeitura Municipal. Na época o prefeito era José Ronaldo de Carvalho e o secretário era o senhor Antônio Alcione da Silva Cedraz (2). O trabalho foi impresso pela  "Mendescosta Editora Gráfica" (3).
      O trabalho reúne 20 poetas já falecidos ("in memoriam) e 80 contemporâneos. Ambos os grupos estão por ordem alfabética e cada poeta tem apenas uma poesia para amostra. A professora Lélia, não sei o motivo, não faz parte da lista. Ela é uma das melhores poetisas de nossa cidade, e o fato de ela ter organizado  a coletânea não impede quê ela  tivesse colocado  uma de suas poesias como amostra. 
     É interessante observar quê muitas das personalidades de nossa cidade também tiveram seus momentos de inspiração poética. Exemplos: Gastão Guimarães, Sales Barbosa e Honorato Bonfim. Destes três apenas um faz parte da coletânea (Gastão Guimarães).
      A prefação é do Dr. Benjamim Batista, presidente honorário da Academia de Letras e Artes de Feira de Santa Ana, porquê foi seu fundador. Faz algum tempo que ele passou a residir em Salvador. É o maior fundador de academias de Letras de quê temos conhecimento. A "Apresentação" é da organizadora da coletânea. Diga-se de passagem quê ela se identificou como "autora". O correto é como "organizadora". Na apresentação, ela transcreve uma estrofe muito conhecida do grande  e inigualável Fernando Pessoa:
"Um poeta é um fingidor;
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente" (4)
      É bom lembrar quê tecnicamente o correto é quê a prefação seja do próprio autor ou organizador, e  a apresentação seja de outra pessoa. No entanto, como a própria Associação Brasileira de Normas Técnicas não específica este ponto, cada autor faz aquilo que quer. Afinal, "estamos no país da bagunça". As instruções da Bibliotecnia são muito vagas em nosso país. Pretendo, no futuro, apresentar um texto completo à Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sobre a técnica da publicação de livros, com a respectiva nomenclatura, e indicando os pontos quê podem ser facultativos, mas mesmo assim, registrando as melhores opções.
      Convido a todos aqueles quê gostam da arte poética para apreciar a maravilha "Memorial  Poético de Feira de Santana". Nele eu e o prof. Agnaldo Marques estamos juntos, porquê a ordem seguida é alfabética. MInha poesia é "Luz que não se apaga" (um soneto), e a poesia do prof. Agnaldo é "O mar": uma belissíma poesia.
     Finalmente um lembrete: Como é comum acontecer, o digitador não seguiu meu critério quanto ao emprego das maiúsculas iniciais na poesia: Emprego-as com o mesmo critério da prosa.
  
N O T A S
(1) Infelizmente a professora Lélia ainda não definiu sua signatura parcial. Este fato é comum entre  nós,  prova evidente do quanto a Antroponímia é desconhecida até mesmo entre os intelectuais.
(2) "Alcione": No caso, dois erros: O primeiro é quê este Nome é feminino, da Mitologia greco-latina (Confere nos dicionários da Língua Portuguesa: "alcíone", "alcíon" ou ainda "alcião"). O segundo erro é de forma, de tonicidade. A única forma correta em Português, nome próprio ou comum, é Alcíone.
(3) Nossa sociedade tem a mania, com aparente justificativa de criatividade, de juntar as palavras na Língua Escrita. Este fato é inconveniente.
(4) Nesta estrofe aparece a regra geral de nosso sistema ortográfico: empregar iniciais maiúsculas no ínicio de cada verso. Esta regra, além de totalmente sem lógica, é inconveniente até mesmo para a rapidez e compreensão imediata da leitura. Basta conferir e vereis quê tenho razão. Uma poesia escrita segundo o critério quê eu adoto pode ser lida com boa entonação e compreensão imediata logo de primeira.


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