S É R I E "F A L A E E S C R E V E C O R R E T A M E N T E" -- Nº 5:
A LEITURA COMO MEIO DE APRENDIZAGEM DE UMA LÍNGUA
É muito conhecido o fato de quê quem tem o hábito de ler tem mais facilidade de falar, de escrever, e como consequência de redigir . A leitura, em primeiro lugar, desenvolve o vocabulário, o hábito de pensar, de associar idéias, de concluir, resumir e ampliar.
O leitor também se beneficia muito no tocante à ortografia. Conheço um caso curioso: Uma pessoa costuma ler, às vezes durante o dia quase todo. No entanto, não sabe escrever palavras comuníssimas, como "fazer" e "coisa". Quando eu lhe pergunto o porquê deste fato, ele me diz quê quando lê não se preocupa com as palavras, com a ortografia, mas apenas com o conteúdo do texto. Eu lhe retruco:
-- Independentemente (1) do conteúdo, existe a memória visual , isto é: de tanto o leitor ver uma palavra escrita, o cérebro memoriza sua grafia. Os professores de Língua Portuguesa e de Redação sempre afirmam quê quem tem o hábito da leitura tem facilidade na grafia (2). Ademais, toda pessoa tem o dever civil , como disse certo escritor, de aprender a modalidade escrita da Língua Materna.
Infelizmente, nosso país cultiva muito pouco o hábito da leitura. Nos dias atuais, os impressos são muito mais acessíveis quê antigamente: promoções de livro, comércio de livros usados (chamados impropriamente "sebo" ), brindes de livros em programas radiofônicos e em instituições culturais, como academias de Letras, empréstimos de livros por bibliotecas, e até vendas de livros através de promoções de jornais. No âmbito didático, os livros quê são distribuídos nas escolas pelo Governo Federal, depois de três anos ficam com os alunos, e como tal podem ser ofertados a outras pessoas. No engtanto, apesar de tudo isto, uma parte da população continua alienada ao mundo da leitura. Atualmente, somente quem não quer não aprende, porquê a informação está disponível a todos, inclusivamente nos programas radiofônicos, na longevisão e na internete.
Mais uma vez, repito: Não existe jeito para aquele quê não quer aprender, quê não se dispõe a se desenvolver, a se corrigir. Diz o provérbio: "O pior cego é aquele quê não quer ver".
Conclusão: É sabido quê muitas campanhas, atualmente, não surtem efeito, devido à indiferença das pessoas para a leitura, para a aprendizagem, para a atualização. É por isto quê nossa sociedade continua com sérios problemas de preconceitos, desatualização, de informação. Mas, o dever de quem escreve é "semear livros à mão cheia, para fazer o povo pensar". Um jornalista afirmou:
-- "O escritor faz o papel do bom semeador da parábola bíblica: Ele semeia, sabendo quê sua semente cairá nos mais diversos lugares, nas mais diversas situações; muitas delas se perderão, mas algumas produzirão 100%"
NOTAS:
(1) "Independentemente": Neste contexto, a maioria das pessoas utiliza "independente". No entanto , a Linguagem Racional não admite que se use o adjetivo com a função de advérbio, na maioria dos caso.Sejamos exatos.
(2) "Grafia": Infelizmente, como sempre tenho dito, até mesmo os gramáticos e onomásticos confundem grafia com forma e com ortografia. Forma é a seqüência de sons que forma uma palavra. Grafia é o emprego quê se faz de determinadas letras e sinais diacríticos para representar uma palavra na Língua escrita. Ortografia é a grafia oficial, em princípio, considerada a grafia correta, por mais absurda que seja
MATÉRIA 2
A R T E P O É T I C A
O S M U R O S P R O T E S T A M
Rodrigues Silva
Data: 25 de dezembro de 1979, com base na observação dos muros de Salvador -- Baía
Na cidade grande...
os muros são também alto-falantes.
Bradam a cada instante
contra as injustiças sociais,
contra os erros governamentais.
Na cidade grande,
os muros são a tribuna popular
daqueles desprovidos de poder,
daqueles que não dispõem de um meio
totalmente sem censura
para protestar
Os muros são a tribuna popular
daqueles cujos protestos
não encontram onde ser ouvidos,
pois as estruturas sociais,
elitistas e convencionais
os marginalizam.
Os muros transcrevem manchetes de jornais
em letras rústicas e garrafais:
Acusam Capa de responsável por corrupção,
chamam hipsilo de injusto e incapaz,
apontam vê duplo como solução
para um problema essencial:
*"O POVO PRECISA DE EDUCAÇÃO"
* "ABAIXO A DITADURA"
*" GUERRA À POLUIÇÃO"
*" NÃO ACEITAMOS A CENSURA"
Citam ainda o arrocho salarial,
pregam anistia ampla, geral, irrestrita,
pedem ajuda para uma classe aflita,
defendem também a prática eqüissexual,
quê para muitos é realmente imoral.
São exemplos de protestos
dos lentes e conscientes
dos lentes e conscientes
e não dos desequilibrados
nem dos desinformados.
Assim, os muros frios e inanimados,
inertes, petrificados
são também entes falantes,
bravos comunicantes,
bravos comunicantes,
impudicos e audazes ,
pacifícos, mas contumazes.
Os muros também falam
na "selva de concreto".
Os muros criticam
os homens dos mais diversos.
Os muros solicitam
os beneficios do progresso.
(ÊNFASE NA DECLAMAÇÃO):
Muros falantes,
muros arrogantes,
voz silenciosa daqueles
quê não podem falar,
livro aberto para a todos comunicar...
Os muros também falam na cidade grande!
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