terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ASPECTOS HISTÓRICOS DE JACOBINA

          Quando idealizei a criação de um INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO da Região de Jacobina, tive o objetivo de chamar a atenção quanto à falta de informações sobre o assunto, que percebera em alguns livros e outras obras lá publicadas. Num livro de História de Jacobina, por ezemplo, de autoria de uma professora de História, observei claramente quê ela confunde a realidade atual com a realidade outrora vigente no tocante a município, cidade e vila. Até o século 19, a realidade era a seguinte: Criava-se primeiramente uma VILA. Quem administrava a VILA era o Conselho Municipal, que equivale a Câmara de Vereadores. Os vereadores eram conhecidos como CONSELHEIROS (MUNICIPAIS). Uma VILA podia ficar dezenas e dezenas de anos apenas como “Vila”. Possuía um território equivalente,  como os atuais municípios. Somente quando a VILA alcançava um elevado índice de população e de desenvolvimento, passava a cidade, através de um Decreto Imperial. É interessante observar também que algumas cidades retornavam à condição de VILAS, como também aconteceram casos de situações indefinidas durante algum tempo, numa verdadeira situação de “querelas jurídicas”. Situação semelhante aconteceu também com aglomerações humanas do esterior. Alguns países desapareceram, ficando apenas como uma parte do território de outro; ora se ampliavam, ora se reduziam.
          Voltando ao caso de JACOBINA:
1) Uma das personagens de sua História, quê aparece somente em algumas poucas obras, é ROBÉRIO DIAS. Aliás, ainda tenho que pesquisar se realmente é ROBÉRIO ou ROBERTO. Desconfio de que seja ROBERTO, porque no inicio do século 17 não era comum empregar-se nomes individuais com forme inadequada, deturpada,  gramaticalmente errônea, nem muito menos arbitrária.
2) Outra observação, ainda quanto a nome próprio, é a grafia do NOME de um dos primeiros cidadãos a chegar na região: BELQUIOR DIAS MOREIRA, apelidado MURIBECA. A pronunciação aparece constantemente errônea:  /BELSHIOR/.  Esta pronunciação é baseada na grafia latina: BELCHIOR (paroxítona;  com o –O aberto) . A terminação -OR é fechada em nossa Língua, como em Antenor, Claudionor, senhor, horror etc.
3) Uma terceira personagem de sua História, aliás, uma das mais conhecidas, é JOÃO PEIXOTO VIEGAS. Vê-se em muitos livros: “Veiga”, e até, “Veigas”, como na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volume 20, página 350. A publicação é dos Conselhos Nacional de Geografia e Nacional de Estatística, em Junho de 1958. É uma das melhores obras do assunto, mas, como a maioria, desprovida de autores com maiores conhecimentos de Onomástica e Filologia. Relembro que ofertei uma reprodução xerográfica organizada desta matéria ao Arquivo Público de Jacobina e a sua Biblioteca Municipal.
4) Quanto à origem do topônimo JACOBINA, também li muita coisa sem fundamento em obras locais. Um dos livros chega a citar 9 possibilidades etimológicas. Até os JACOBINOS de França foram incluídos!... A origem correta é do Tupi, sendo que apenas 2 esplicações são possíveis, as quais podem resumir-se em 1 apenas : “terra de cascalho; (e por isto) imprópria para lavoura”. Uma confirmação do étimo tupi é que na fase inicial vigorava a forma JACOABINA, ao lado de JACUABINA, pois no Tupi, a expressão original era mais ou menos YAKU’A PINA. Um estudioso feirense me afirmou ser adepto da esplicação ligada a um frade que esteve na região, na primeira fase de colonização, cujo POSNOME era GIACCOPINO (italiano). No entanto, o étimo tupi, ao lado das duas formas citadas, não deixa margem a nenhuma dúvida.             
          Aproveito ainda para recomendar que a população se esqueça da lenda de JACÓ e BINA. Apesar de alguns estudiosos acharem o fato construtivo, defendo uma tese contrária. Ainda no campo da Etimologia: Muitos topônimos da região são interessantes, como: Pico Jaraguá (é inadmissível o registro RÁDIO JARAGUAR)  , Ourolândia (errôneo, por ser híbrido), Itapeipu e Itapecuru (não tenho encontrado justificativa para a forma comum na região: ITAPICURU). 

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