segunda-feira, 6 de maio de 2013

SÉRIE "CIDADANIA E POLÍTICA" -- Nº 03

     O POVO, O POPULAR E O "POPULISMO"
     A comunidade indica a inserção intersubjetiva originária da subjetividade particular de cada cidadão. Nascemos dentro de uma comunidade política, a qual, desde o início, esteve pressuposta  como da espécie humana e de cada pessoa. Do ponto de vista político, entretanto, é ainda uma abstração sem as contradições e conflitos que necessariamente atravessam.sempre. Ascendamos, então, do simples ao complexo, do abstrato ao concreto. Passemos, agora, da "comunidade política" ao "povo". Se todos os setores da comunidade política tivessem completado suas demandas, não existiriam protestos populares nem formação de movimentos populares que lutassem pelo cumprimento de suas reivindicações. É a partir das "negatividades das necessidades" de algum setor da vida ou da participação democrática que a luta pelo reconhecimento se transforma freqüentemente em mobilizações reivindicativas (que não esperam a justiça como dom dos capitalistas, mas como conquista dos diversos movimentos). Existirão tantos movimentos quantas reivindicações, as quais podem se referir à vida em geral ou a determinados grupos profissionais ou de outros interesses..
    O problema político aparece quando se considera que existem tantas reivindicações quantas forem as necessidades em torno das quais nascem  os movimentos: movimentos feministas, anti-racistas, das MINORIAS AFETIVO-SEXUAIS (ultimamente em destaque), da "3ª Idade", indigenistas, dos marginalizados (1) e desocupados, que se adicionam aos dos trabalhadores formais e informais, dos camponeses  empobrecidos ou sem terra, de profissionais novos ou que estão endo ultimamente valorizados, etc.
    Cada um destes segmentos tem reivindicações bem distintas, às vezes até chocantes a muitas  pessoas, principalmente aquelas mais tradicionais ou que não costumam raciocinar imparcialmente, logicamente. Os indígenas, por exemplo, exigem  coisas, pelo menos aparentemente, pouco viáveis a uma sociedade moderna. Eu, pessoalmente, tenho minhas restrições, como também a algumas reivindicações das pessoas de cor.
       Como se pode passar de uma reivindicação particular a uma reivindicação hegemõnica que possa unificar todos movimentos sociais de um país em determinado momento?  É a questão da passagem das "particularidades diferenciais" a uma universalidade que as englobe.
    Boaventura de Sousa Santos pensa que cada reivindicação deve entrar em um processo de diálogo e de "tradução", a fim de obter um entendimento entre os movimentos, que, entretanto, nunca o é de uma universalidade englobante
   Seria possível ainda pensar que as reivindicações dos movimentos vão incorporando as demandas dos outros movimentos na própria reivindicação. Isto, porém, acontece em pequena proporção, no caso de movimentos relacionados,  cujas reivindicações, às vezes, se parecem com as de outros movimentos. Exemplo: Se uma minoria desvalorizada, como a dos negros, começa a exigir determinados direitos, outra minoria, como a dos indígenas, se sente estimulada a a fazer o mesmo.
   Estas reflexões, de uma maneira um pouco mais erudita, aparecem no livro "20 TESES DE POLÍTICA', de ENRIQUE DUSSEL  publicadas pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais, em 2.007. O Autor é licenciado em Filosofia, Doutor em História e em Teologia (a qual, a rigor, não existe!!!!), professor de Ética e de História da Igreja (subentende-se "Católica")  e presidente do CEHILA.
     INFELIZMENTE, NÃO TEEM SIDO MUITO  DIVULGADOS LIVROS SOBRE POLÍTICA, NO ENTANTO FAZ-SE NECESSÁRIO QUÊ ISTO ACONTEÇA. JOÃO-HUBALDO DE CARVALHO  TEM UMA ESPÉCIE DE MANUAL DE POLÍTICA, MAS TAMBÉM NÃO É DIVULGADO. INFELIZMENTE, NOSSA SOCIEDADE CONTINUA MUITO ALHEIA  À NOÇÃO DA VERDADEIRA POLÍTICA, E MUITAS VEZES ATÉ DA POLÍTICA PARTIDÁRIA. EU COMECEI A TER UMA IDÉIA DE POLÍTICA PARTIDÁRIA, POLÍTICA INSTITUCIONAL, QUANDO ESTUDEI "ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA", NA 4ª SÉRIE GINASIAL, MAS DEPOIS ESSA DISCIPLINA FOI RETIRADA DO CURRÍCULO ESCOLAR, SOB O PRETEXTO DE QUE ELA "APENAS SERVIA AO SISTEMA". ESTE ARGUMENTO NÃO JUSTIFICA TAL RETIRADA. É PRECISO RECOLOCAR NO CURRÍCULO ESCOLAR AS NOÇÕES PRINCIPAIS ASSUNTO.
     (1) Ao invés de "marginal", chame-se "MARGINALIZADO", PORQUÊ, DE MODO GERAL, a sociedade, com seu sistema exclusivista, o marginalizou.

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