FALHAS DE NOSSO SISTEMA ORTOGRÁFICO
Conforme prometi, nestes dias vou continuar a tratar das graves falhas de nosso sistema ortográfico. Seu primeiro grande equívoco foi o próprio objetivo: "unificar a grafia entre os diversos países de língua portuguesa". Não se pode unificar aquilo que é diferente. A GRAFIA é apenas a maneira de representar graficamente uma palavra, que é composta por fonemas, com uma determinada tonicidade e um timbre também determinado. Assim, se a pronunciação é diferente, não podemos utilizar a mesma grafia. Aliás, o espanhol comete este grave erro, como também, em menor quantidade, o Francês e outras línguas.
A partir deste engano inicial, vieram os outros: Desde 1.911, na primeira reforma ortográfica da língua portuguesa dos tempos modernos, a preocupação dos gramáticos é "simplificar, despojar a grafia", atendendo à tendência das massas incultas e desinteressadas em assuntos de linguagem. Quanto mais se despoja a grafia, mais ela fica imperfeita, porquê deixa de indicar elementos importantes da língua escrita. Afinal, a língua escrita não tem recursos como a entonação e os gestos. Por isto, tem que possuir suas compensações. Essas compensações são justamente minúcias quanto aos sinais diacríticos (acentos, til, cedilha, etc) e a pontuação exata. As minúcias da grafia indicam também a diferença entre homônimos e até parônimos, de maneira a facilitar a distinção imediata da significação e da classe das palavras, por parte do leitor..
Alguns exemplos aplicados diretamente á última reforma ortográfica: A reforma no emprego do hifem. Não existia necessidade de mudar quase nada neste assunto. A "aversão ao hifem" provocou uma série de equívocos e de grafias antiquadas á etimologia, à evidência dos elementos formadores das palavras. Em alguns casos, os gramáticos disseram que determinado hifem foi dispensado porquê a comunidade de falantes não mais percebe a relação da palavra com determinada coisa. Em outros, adotou como critério a existência de duas vogais iguais ou diferentes, coisa quê não tem nenhuma importância. Se escrevo "navio-escola", posso escrever "anti-inflacionário". Neste caso, o importante é indicar que "anti-" é prefixo. Fiz um estudo comparativo entre quatro gramáticos, e encontrei até o caso de cada um deles escrever a mesma palavra de maneira diferente dos outros.
Escrevo HIFEM, não "hífen", porquê sou vernaculista e filólogo. A grafia oficial é mista, isto é: tem característica do latim e do português. A forma portuguesa legítima é HIFEM, não "hifen". Até nisto nossos gramáticos mostram que não possuem profundidade.
CONCLUINDO: O emprego do hifem é o ponto mais criticado deste sistema ortográfico. Chegou ao ponto de dispensar o hifem de palavras como "água-de-colônia". Sem o hifem, refere-se à água comum da cidade de Colônia, como na oração: "A água de Colônia é muito bem tratada". "Pé de moleque" não é o elemento de culinária, mas o pé de um moleque, em sentido literal, primitivo, e assim por diante,
CONCLUINDO: ABAIXO O ATUAL SISTEMA ORTOGRÁFICO. COMO NÃO VEJO OUTRA POSSIBILIDADE DE MELHORA, PROPONHO SOMENTE A GRAFIA FONÊMICA como a solução definitiva do problema.
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