Deve-se aos filósofos gregos sofistas a
primeira tentativa de conceituar "literatura" em
sua acepção mais ampla, visto quê consideravam obra literária
qualquer obra escrita que obedecesse a alguns preceitos:
* Preceitos
da invenção: verdade e originalidade
* Preceitos da
disposição: variedade dentro da perfeita unidade de exposição
* Preceitos da
elocução: pureza da Língua: correção gramatical, clareza e harmonia
Para os sofistas, então, a Arte Literária consiste na
realização dos preceitos estéticos da invenção, da disposição e
da elocução
É bom ressaltar quê em Filosofia, os sofistas
eram filósofos gregos contemporâneos de Sócrates, quê atribuíam a si a missão de
ensinar a sabedoria e a habilidade. A palavra grega sophistés quer dizer “sábio”.
Entre os sofistas,
destacavam-se Pitágoras e Górgias, O primeiro a estabelecer
uma distinção entre literatura, na acepção restrita (obra estética)
e literatura em sentido amplo (qualquer obra escrita) foi Platão, seguido por Aristóteles.
Para ele, literatura é a imitação (mimese) da realidade.
Para este filosofo grego, somente é obra literária
aquela que imita ou "recria” a realidade. Evidentemente não se trata de
mera reprodução, simples cópia da realidade. Trata-se de imitação, representação construída
pelo autor, apresentação da realidade
segunda a maneira de ver dele. "O poeta imita, representa uma ação conforme
a realidade ou a verdade, mas uma ação construída e arranjada por ele."
Essa imitação não se estende, porém, à realidade ou à natureza exterior.
Ela tem por objeto a vida humana, seus costumes, seus estados de
alma, suas ações. Ademais, realidade aqui tem sentido muito amplo: não apenas
aquilo quê é, mas também aquilo que normalmente ou moralmente deveria ser ou
poderia ser. Podemos dizer quê Literatura é a elaboração literária daquilo
que poderia acontecer ou acontece, mas apresentada com estética, com a
arte da palavra.
Um poeta quê, numa poesia, usa o pronome EU não quer dizer
quê aquela narração ou aquele ponto de vista, se trata obrigatoriamente dele. Na
obra literária, quer em prosa, quer em verso, o literato fala em nome do
ser humano, das pessoas em geral ou de uma pessoa qualquer que vive uma
determina realidade.
Algumas pessoas já atribuíram a mim determinados fatos
que eu citei em uma poesia, dentro desta realidade;
essa interrogação é muito comum.
No século 19, voltou a predominar o conceito de literatura
em sentido ainda mais amplo quê o do sofistas: "Literatura é o
conjunto da produção escrita de um povo, de um individuo". Logicamente, este
conceito é inexato e inconveniente. Atualmente o melhor conceito de literatura
é:
"Literatura é a expressão dos conteúdos
da ficção, ou da imaginação, com visão de uma supra-realidade, com dados
profundos, singulares e pessoais da intuição do artista, o qual pode usar
palavras com sentido múltiplo e pessoal" (fusão dos conceitos de
Fidelino de Figueiredo e de Massaúd-Moisés).
Observação: Para esta matéria, utilizei
"Teoria da Literatura", de Audemaro Taranto Goulart e Oscar Viera da
Silva, Editora do Brasil S/A, Rio de Janeiro, RJ, 1975.
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